Quero ser Sig Bergamin

02/01/2023

O embaixador de Coral Matiz é amante das cores, das pessoas e da vida. Conheça melhor o Sig e veja este ícone da arquitetura e decoração como você nunca viu.


Quem brilha mais? Sig humano ou o Sig pavão?

Não, eu não queria ter 1,90m ou ostentar olhos claríssimos como as praias das Bahamas. Também não me importaria de passar pela vida sem gozar de todo o garbo e elegância que um ser humano pode ter. E digo mais, vivo muito bem sem ter hospedado em minha casa o ator Cristopher Reeve (que Deus o tenha em toda sua glória). E não me incomoda em nada não poder dizer que nunca projetei casas para incontáveis estrelas mundo afora.


O que me causa grande incômodo em não ser o Sig Bergamin (que coleciona todas as vivências citadas anteriormente) é de não ter toda a coragem que ele teve. E segue tendo. Arrancando de nós alguns segundos de apneia em cada projeto que apresenta.

Também sinto uma pontada de recalque por não ter nascido com o apuradíssimo senso estético fora de qualquer convenção que só o Sig tem. Enquanto eu, aos 10 anos pintava casinhas modestas com tinta guache no meu chamequinho, cuidando para combinar bem o azul das paredes com a portinha marrom-madeira, Sig aos 12 revestia seu quarto na cidade de Mirassol com metros de chita, adquiridos nas lojas Pernambucanas.

Tudo isso porque ele achava as paredes brancas demais. Talvez a partir deste episódio José Antônio Bergamin tenha virado O SIG BERGAMIN.

Mas ele ainda não sabia disso.

O que ele tinha certeza é que tinha a forte impressão de que enxergava mais cores do que as outras pessoas. Mirassol ficou pequena demais. Colocou na mala sua cara e coragem e partiu para Santos, onde foi cursar arquitetura.


Projeto: Sig Bergamin

Tomou leite demais e comeu pão com mortadela demais em uma casa escura e maltratada demais nos primeiros meses de universidade. O cardápio diminuto e o ambiente a lá terror de Hitchcock era culpa da falta de recursos.

Mas a tal da coragem do Sig o catapultou até as altas rodas.  Ele se tornou amigo de Attilio Baschera e Gregório Kramer, referências em design de estamparia brasileira- e homenageados em 2022 por Marcelo Salum e pela Coral, na CASACOR São Paulo 2022.

O casal criava tecidos absolutamente fantásticos que vestiram, inclusive, a casa de Jacqueline Kennedy Onassis. Sig nos contou, certa vez, que a Larmod, loja da qual Attilio e Gregório eram proprietários, era a loja mais linda que ele já entrou na vida. “Eu pegava um ônibus e descia pertinho. Passava horas admirando tudo.  Nossa, não tinha nada igual!”, recorda.


Sig ainda disse que a amizade entre eles era de verdade verdadeira. Viajavam juntos, riam em várias línguas, e contou com alegria dos momentos festivos em Buenos Aires. Aqui, eu confesso: voltei a sentir vontade de ser o Sig Bergamin. E tudo se encaixou, na minha mente, como um grande quebra-cabeças. Há tanto de Attilio e Gregório em Sig. Mas eu vou além.


Casa Majorelle, a residência de Yves Saint Laurent e Pierre Bergé.

Toda vez que vejo um projeto do Sig, vejo um pouco de Yves Saint Laurent. O estilista francês também não se deitava para as cores e combinava, sem medo de ser feliz, um colar de contas vermelhas generosas com um vestido azul ou verde.  No entanto, acho que o match entre Sig e Yves, a meu ver, esteja na Casa Majorelle, a exuberante residência de Saint Laurent e Pierre Bergé, em Marrakech.  O azul da fachada é também a cor favorita de Sig. A coleção de plantas exóticas dos jardins, os vasos multicoloridos, banquinhos turquesa e toda a arquitetura é uma festa para os olhos assim como as criações do Sig.

O estilista e arquiteto também tem outra paixão comum: pets!


Enquanto Saint Laurent levava Moujik, seu buldogue francês, para lá e para cá, babando em tecidos nobres e chamando a atenção de costureiras e modelos, Sig mostra toda sua paixão por cachorros da mesma raça.


Na última vez em que estive com Sig, ele falou com carinho de Índia e China, duas cadelas que moram com ele e o marido, Murilo Lomas, também arquiteto. “Fazemos festa para elas, comemoramos tudo juntos. Elas são uns amores e vão trabalhar com a gente no escritório”, se alegra Sig.


A esquerda está Sig Bergamin com China e Índia. Na foto direita, Saint Laurent e Moujik

Antes das duas, passaram pela vida de Sig as cachorrinhas África 1 e África 2, também buldogues. Quando pergunto o motivo do nome se repetir ele explica, sem titubear “A África 2 foi batizada assim porque a África 1 morreu”.  Eu, ele, fotógrafos e videomakers caímos na maior gargalhada. É o jeitinho Sig de viver...

Mas também há diferenças entre Sig e Saint Laurent. Muitas.

Sig é abstêmio. Também não fuma. Nada. “Nem na faculdade eu gostava. Eu não era do pessoal do violão e da maconha. Até me sentia deslocado, mas definitivamente não era minha praia”, revela.

 

A praia do Sig é outra. Sig é o maior NERD!


Projeto: Sig Bergamin
Bolinhas, bolonas, listras, cores... 

Com mais de quinhentas pastas recheadas de colagens de revistas de todo o planeta, catálogos e filipetas de jardins, casas e cores de toda sorte, Sig faz questão de se debruçar completamente em cada projeto. Se inspira nas frutas dispostas na fruteira, na feira livre do bairro, nos campos de mostarda do seu país favorito, a Índia, para onde viajou incontáveis vezes.  As cores dos sáris das mulheres na lavoura, os montinhos de temperos, tudo é cor para Sig.
Ele também ama arte. Se esbalda em telas de grandes ou desconhecidos artistas. “O que importa é se a arte toca você. Não importa o artista”, conta.

Para alguns, viver a vida é se deleitar em tacinhas de champanhe e festas all nigth long. Mas sinto informar, amigos, Sig é caseiro. Apesar de ser um cidadão do mundo, amar viajar e tudo mais, o arquiteto afirma que é sim muito amante do próprio lar. Arruma uma mesa posta melhor que qualquer profissional. Molheiras prateadas, copos e taças pintadas à mão e pratos dispostos sobre toalhas estampadas são um banquete antes do próprio banquete. Tudo colorido, claro.

Com uma vida tão bem vivida, impossível se apegar ao minimalismo, afinal, como colecionar histórias sem guardar um pedacinho delas? Sig é Maximalista tal qual sua jornada.

Projeto: Sig Bergamin
A parede em tom turquesa que o Sig apelidou carinhosamente de " cor aqua" é um tiffany. Em nosso leque ele é o Maravilhas Gregas.


Ele enxerga em tecnicolor.  Colore sem medo, encoraja colegas de profissão e abre caminho para novatos. O Coral Matiz  não poderia ter escolhido ninguém melhor que ele para ser o embaixador do programa de relacionamento da Coral para arquitetos, designers de Interiores e paisagistas.


E eu, mais uma vez, sinto vontade de sê-lo. 


Aliás, peço licença para quebrar o protocolo, falando em primeira pessoa e confessando:

“Nay Rios, brasileira, 33 anos. Queria ser o Sig Bergamin”.

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